sábado, 12 de novembro de 2011

Educação não consegue resolver desabastecimento

A pouco menos de 70 dias para o encerramento do ano letivo, centros de educação infantil e escolas municipais ainda enfrentam os mesmos  problemas denunciados no início do ano. Ao longo da semana, a equipe de reportagem da TRIBUNA DO NORTE visitou quatro escolas, uma cada zona da cidade, e constatou inúmeros problemas. Na Escola Municipal Tereza Satsuqui, na zona Oeste, por exemplo, não há merenda suficiente. Na Escola Municipal Professora Terezinha Paulino de Lima, na zona Norte, falta material de expediente. Na Escola Municipal Santos Reis, na zona Leste, cerca de 150 alunos estão sem aula. Na Escola Municipal Ulisses de Góis, o programa 'Merenda em Casa' foi suspenso há dois meses, afetando 744 alunos.

Os 160 alunos da Escola Municipal Tereza Satsuqui, no Planalto, estão sendo liberados no intervalo. Falta merenda, gás, material de limpeza e material de expediente.  "Não tem nem ´piloto´ para escrever no quadro branco", afirma a diretora Rúbia Maria Souza de Queiroz. O prédio também necessita de reforma. Parte do telhado da cozinha desabou e um dos banheiros está interditado. Na Escola Municipal Professora Terezinha Paulino, em Nossa Senhora da Apresentação,  os estudantes até saem no horário normal. No entanto, correm o risco de começar o ano letivo mais tarde. 

A escola não recebeu nenhuma verba municipal em 2011. Os professores usam o que sobrou de 2010 e dizem que se não receberem o novo repasse adiarão o início do próximo ano letivo. A falta de recursos já tem afetado algumas atividades. O projeto federal Mais Educação, que atendia 300 dos 1,3 mil alunos no contra-turno, foi suspenso há dois meses. Não havia dinheiro para pagar os 12 bolsistas.

A Terezinha Paulino de Lima, segunda maior escola de Natal, não é a única a enfrentar este problema. Segundo Wandell dos Santos, diretor geral, pelo menos 21 escolas enfrentam a mesma situação. Algumas há mais de um ano. Na Terezinha Paulino, parte do material de expediente usado em 2011 foi comprado com recursos próprios. "Também compramos seis botijões de gás para não deixar os alunos sem merenda", acrescentou o diretor.

A Escola Municipal Santos Reis, em Santos Reis, enfrenta a mesma situação. "As verbas municipais não têm chegado às escolas", resume uma funcionária que não quis se identificar. Cerca de 150 dos 720 alunos matriculados na escola estão sem aula. "Os professores temporários não receberam o salário e deixaram de vir ", afirma a funcionária. Na Escola Municipal Ulisses de Góis, em Nova Descoberta, o programa Merenda em Casa, da Prefeitura, foi suspenso há dois meses. Os alunos também não receberam fardamento nem agenda. 

No primeiro semestre, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinte) visitou 87 dos 129 (67,4%) centros de educação infantil e escolas municipais. Encontrou problemas em todos. A vistoria resultou num dossiê - encaminhado para o Ministério Público do Rio Grande do Norte, para a Câmara Municipal de Natal, prefeitura e secretaria municipal de educação. Para Fátima Cardoso, presidente do sindicato, o número não caiu. O sindicato, segundo ela, realizará novas inspeções até o final do ano. A crise na educação municipal, segundo o sindicato, afeta cerca de 50 mil crianças, adolescentes e jovens. "Do jeito que está não tem nem como começar o ano letivo 2012", afirma Fátima. 

VAGAS

A secretaria municipal de educação, que ainda trabalha no novo calendário, garante solucionar todos os problemas até o início do próximo ano. Em 2011, 4 mil crianças ficaram fora da sala de aula. Não havia vagas para todas. Walter Fonseca, secretário, afirma que o número de vagas será ampliado, só não sabe em quanto. Ele também não soube informar quando os repasses serão regularizados, mas afirmou que as escolas podem encaminhar seus pedidos à secretaria. Apesar das evidências, Walter negou que centros de educação infantil e escolas estejam desabastecidos. "Alguns estão é com excesso", afirmou, sem apresentar nenhum dado. Ele também atribuiu o atraso do repasse à falhas na documentação encaminhada pelas escolas. A educação foi tema de audiência pública na Câmara Municipal de Natal e motivo de protesto em frente à prefeitura esta semana. 


Fonte: TribunadoNorte

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