O importante, como educadores, é
acreditarmos no potencial de aprendizagem pessoal, na capacidade de evoluir, de
integrar sempre novas experiências e dimensões do cotidiano,ao mesmo tempo que compreendemos e aceitamos nossos
limites, nosso jeito de ser, nossa história pessoal.
Ao educar, tornamos visíveis nossos
valores, atitudes, idéias, emoções. O delicado
equilíbrio e síntese que fazemos no dia a dia transparece nas diversas situações pedagógicas em que nos envolvemos. Os alunos e
colegas percebem como somos, como reagimos diante das diferenças de opiniões, dos conflitos de
valores. O que expressamos em cada momento como pessoas é tão importante quanto
o conteúdo explícito das nossas aulas. A postura diante do mundo e dos outros é
importante como facilitadora ou complicadora dos relacionamentos que se
estabelecem com os que querem aprender conosco. Se gostamos de aprender, facilitamos o desejo de que os outros aprendam. Se
mostramos uma visão confiante e equilibrada da vida, facilitamos nos outros a forma de
lidar com seus problemas, mostramos que é possível avançar no meio das
dificuldades. Alguns educadores confundem visão crítica com pessimismo
estrutural; eles só transmitem aos alunos visões negativistas e desanimadoras
da realidade. Esse substrato pessimista interfere profundamente na visão dos
alunos.
Da mesma forma, educadores com
credibilidade e uma visão construtiva da vida contribuem muito para que os
alunos se sintam motivados a continuar, a querer aprender, a aceitar-se melhor.
O educador é um ser complexo e
limitado, mas sua postura pode contribuir para reforçar que vale a pena
aprender, que a vida tem mais aspectos positivos que negativos, que o ser humano está
evoluindo, que pode realizar-se cada vez mais. Pode ser luz no meio de visões
derrotistas, negativistas, muito enraizadas em sociedades dependentes como a
nossa.
Vejo hoje o educador como um
orientador, um sinalizador de possibilidades onde ele também está envolvido,
onde ele se coloca como um dos exemplos das contradições e da capacidade de
superação que todos possuem.
O educador é um testemunho vivo de que
podemos evoluir sempre, ano após ano, tornando-nos mais humanos, mostrando que
vale a pena viver.
Numa sociedade em mudança acelerada,
além da competência intelectual, do saber específico, é importante termos
muitas pessoas que nos sinalizem com formas concretas de compreensão do mundo,
de aprendizagem experimentada de novos caminhos, de testemunhos vivos –embora
imperfeitos- das nossas imensas possibilidades de crescimento em todos os
campos.
Cada vez mais precisamos de educadores-luz, sinalizadores de caminhos,
testemunhos vivos de formas concretas de realização humana, de integração
progressiva, seres imperfeitos que vão evoluindo, humanizando-se, tornando-se
mais simples e profundos ao mesmo tempo.