
“Esses problemas, que incluem a síndrome do pânico e as fobias,
resultam de uma combinação entre predisposição genética e fatores
ambientais”, resume a psiquiatra infantil Ana Kleinman, coordenadora do
Programa de Transtornos do Humor da Infância e Adolescência (Proman) do
Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo. “Pais
depressivos ou ansiosos, além dos genes que transmitem aos filhos, podem
ter maior difi- culdade para dar a atenção de que a moçada precisa”,
acredita.
A falta de paciência, a agressividade e a indiferença dos adultos
podem gerar uma sensação de abandono emocional na garotada. E, para
complicar tudo, essa turma teme ver o pai ou a mãe reagir mal diante de
suas necessidades. No consultório de Ana, por exemplo, a cena é
relativamente comum: ao perguntar a seus jovens pacientes se acham que a
vida se passa em uma tela de TV em preto e branco, em geral a médica
ouve respostas que refletem angústias e perturbações atípicas da faixa
etária.
Com olhares esquivos, voz baixa e dicção lenta, os meninos expressam,
a partir dessa provocação, quanto o mundo à sua volta perdeu o brilho e
a cor. E começam a buscar explicações para a falta de prazer, o tédio e
a desesperança. De acordo com a situação, tentam entender por que
passaram a ficar irritados por tudo, sempre prontos para brigar com
pais, amigos e professores. Ah, sim, o sinal de que algo não vai bem
costuma soar tanto em casa quanto na escola. Não é raro que a queda no
desempenho durante as aulas seja a primeira chamada para o estado de
melancolia que se instala.
O mal-estar em uma idade precoce, obviamente, causa culpa nos pais.
Mas é preciso esquivar-se desse sentimento. Adultos também são vítimas
das mazelas emocionais. “Muitos nos procuram porque seus filhos não
estão bem e depois descobrimos que eles precisam de ajuda tanto quanto
os jovens”, confirma a psiquiatra Ana Kleinman. O psicólogo Roberto
Banaco, professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, vai
além: “O risco de insucesso é grande quando só a criança recebe
terapia”.
Fonte: Robson Pires
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